sexta-feira, 6 de agosto de 2010

"TENHO VERGONHA DE SER AMERICANO" DISSE ROBERT CRUMB NA FLIP

Um dos mais importantes e influentes criadores de quadrinhos do mundo, o norte-americano Robert Crumb deixou de lado a sua aversão por jornalistas e, por 45 minutos, expôs sua visão do mundo. Uma visão muito pessimista, por sinal. “Tenho vergonha de viver no planeta Terra”, disse. “Mas não tem jeito”, suspirou, fazendo uma de suas famosas caretas.
Se não pode viver em outro planeta, ao menos fora dos Estados Unidos Crumb consegue. Estabelecido desde 1991 no sul da França, o artista falou muito do seu desprezo pelo país natal. “Não quero voltar aos Estados Unidos. Tenho vergonha de dizer que sou americano.”
Uma das maiores atrações da Festa Literária de Paraty, Crumb dividirá uma mesa com o também artista Gilbert Shelton no próximo sábado, às 19h30. Os ingressos para o evento se esgotaram em questão de minutos.

Mas Crumb não faz a menor ideia do que está fazendo em Paraty. “É bizarro. Me vejo como alguém que não deve ser levado a sério. Me dá medo ser levado a sério”, disse. O artista conta que perguntou a seu editor brasileiro, Rogério de Campos, da Conrad: “Por que estou aqui? Por que fui convidado?” Segundo ele, Campos explicou: “Porque é um negócio”.
Crumb também disse que considera “muito estranho” ver o seu trabalho exposto em galerias de arte e comercializado a preço de ouro. “Não me dou muito bem com o mundo da arte, mas tenho bastante material original para vender”, disse.
“Sou um artista do século 19”, disse, referindo-se às novas tecnologias e aos livros digitais. “Não tenho interesse em tecnologias modernas, 3D. Gosto de papel e tinta”.
Questionado sobre o que mais não gosta, além de dar entrevistas, Crumb riu: “Câmeras fotográficas, aeroportos, controle de segurança. Gosto de ficar anônimo. Gosto de observar, não de ser observado”.




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