sexta-feira, 13 de maio de 2011

ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA - COMO ELIMINAR AS FAVELAS EM SÃO PAULO: INCÊNDIOS PRA LÁ DE SUSPEITOS, INTIMIDAÇOES ARMADAS, ETC

Uma grandiosa matéria da Revista Rolling Stone ( Arquitetura da Destruição - Ana Aranha e Maurício Monteiro Filho) confirma o que, pessoalmente, sempre suspeitei ao ver favelas ardendo em fogo e os moradores sem um mínimo de amparo durante o incêndio e o esquecimento da mídia minutos depois do fim do incêndio. Abaixo empresto apenas um trecho da matéria para que vocês leiam na íntegra dentro do próprio site da revista
" Quando nóis fiquemo sabendo, nem fiquemo acreditando. Mas a família confirmô." Quando Gilsicleide dos Santos fala, com o corpo apoiado no batente da porta, suas frases soam como versos do sambista paulistano Adoniran Barbosa. Mas, na guarda da entrada de seu barraco, um dos últimos a cair na demolição de parte da favela Real Parque, sua voz não apresentava melodia. No intervalo das marretadas, o único som que se ouvia vinha dos passos apressados pelas vielas. Em um fluxo calado, moradores sem camisa carregavam colchões e estrados de cama na contramão de funcionários com marreta na mão, uniforme e capacete, contratados para derrubar mais uma favela no centro financeiro da Zona Sul de São Paulo. O ar estava carregado de pó e o entulho dos barracos já demolidos se misturava a cadernos de escola, sofás rasgados e sapatos sem sola. Crianças desbravavam as ruínas de quartos e cozinhas, mas nem elas faziam barulho. Habituada a discussões de vizinhos por causa dos raps ou funks no último volume, a favela de onde Gilsicleide resistia em sair estava, enfim, em silêncio.
Essa é a segunda vez que a história de Gilsicleide remete à "Saudosa Maloca", não só na ausência de plurais da narrativa, mas em seu conteúdo. Em 2005, ela já havia assistido à demolição de sua casa na favela do Jardim Edite. Foi quando recebeu a notícia com espanto, aquela em que só acreditou quando a família da vítima confirmou: um de seus vizinhos havia morrido debaixo dos entulhos. Seu Mané, como era conhecido, era carroceiro e tentava tirar um pedaço de latão dos restos de um barraco quando uma parede caiu sobre ele. A empreiteira pagou pelo caixão.

CONTINUEM A LEITURA NA ROLLING STONE.

Nenhum comentário: