segunda-feira, 27 de junho de 2011

PATTI SMITH - UMA ESTRANHA NO NINHO EM CANNES

Quem diria que com tantas celebridades da propaganda no Festival de Cannes, uma das atrações mais esperadas era a cantora, poetisa e ícone do punk, Patti Smith. Numa palestra descontraída e com direito até a música, Patti compartilhou com o público o que pensa sobre publicidade, criatividade e design, com seu espírito contestador, claro.
Smith falou várias vezes da importância do design, colocando inclusive acima da propaganda. “É mais importante um anúncio que respeite a beleza e a estética. Muita propaganda é ruim, mas se for fazer propaganda que seja primeiramente verdadeira e que seja agradável”.
É de se estranhar Patti Smith num evento como o Festival de Cannes, que parece a antítese do que ela sempre acreditou, mas a rainha do punk rock não se sentiu intimidada com a dúvida que suscitou nas pessoas. “Acho que podemos inspirar as pessoas em qualquer lugar e eu gosto de estar onde não esperam que eu esteja”.
Para uma artista da natureza da senhora Smith, foi inevitável perguntar sobre o que ela acha da forma como se divide músicas hoje. Diferente de muitos artistas, Patti falou mais sobre a frustração de suas músicas chegarem antes ao público e ela perder a oportunidade de surpreende-los num show. “Não me levem a mal. O artista tem que ganhar dinheiro pela sua arte, claro. Eu tenho família, responsabilidades. Mas se eu fosse grande como os Beatles, eu nem ia mais ligar para isso. Afinal, de quanto dinheiro você realmente precisa?”
Sem dúvida, ela vai contra a corrente do objetivo do festival. Por mais que fale de criatividade, propaganda e design têm como finalidade ajudar as marcas a ganharem mais dinheiro. Patti foi uma estranha no ninho, mas não deixou de ser inspiradora.

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