quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A ROUTE 66 NA ARTE DE EDWARD RUSCHA

Foi com uma mala velha, algum dinheiro no bolso e um amigo do lado que Edward Ruscha partiu em seu primeiro carro, um Ford sedã 1950, rumo à Route 66. Aos 18 anos, deixava para trás a casa dos pais, na provinciana Oklahoma City, com destino a Los Angeles, aonde chegou 2.139 km e três dias depois. Começava ali, no Chouinard Art Institute, não apenas sua vida de estudante de fotografia e pintura mas também a de pioneiro da pop art e da arte conceitual.
Para o jovem Ruscha (pronuncia-se ru-chei), aquela viagem iniciática se repetiria ao longo dos anos, quando ele ia visitar a família ou saía de férias com amigos. As marcas da mítica Route 66 se multiplicaram em seu trabalho: insinuam-se entre os flagrantes de desolação colhidos para o primeiro de seus muitos livros conceituais, "Twentysix Gasoline Stations" (26 postos de gasolina), de 1963 --o mesmo ano de sua primeira individual--, e nas paisagens de carros, letreiros e horizontes coloridos.
"A cultura do carro existia para valer naquela época", diz. "Então, a arte de Ruscha é sobre o que você vê, quase que de forma abstrata, quando está dirigindo por aí. Diz respeito ao que você nota nas ruas, nas estradas." Para Auping, a influência de Ruscha em Los Angeles foi superior à de Andy Warhol (1928-1987) nos anos 60 e 70.







Hoje, Ruscha se mantém distante das novas tecnologias, como computadores e celulares, e afirma jamais ter pisado numa cafeteria Starbucks, instituição de toda urbe americana que se preze. Como nunca antes na vida, produz sem parar e organiza exposições nos EUA e na Europa. Em 2012, ocupará os quatro andares do museu austríaco Kunsthaus.

"Não paro para me questionar o que me faz trabalhar tanto. É parte de mim. A ideia de o artista ter um mundo particular em seu estúdio sempre me atraiu. Gosto de ficar rodeado por este caos", diz.

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