sexta-feira, 16 de março de 2012

BALOJI: O FEITICEIRO AFROFUTURISTA


É impossível dar conta de todos os sons que vem da África. Tanto do passado quando do presente. Fora a matriz, as inúmeras vertentes da música africana vêm desaguar nos trabalhos recentes de artistas brasileiros como SibaBixiga 70SambanzoAbayomy Afrobeat Orquestra, em maior ou menor dosagem.
Vou ser bem honesta: gosto de música africana de graça, só por conta da origem. Não conheço um milésimo do que existe. Nem sei explicar o motivo dessa atração. Dizem que é a tal da ancestralidade, vai saber.
Mesmo quem convive comigo há pouco tempo, já sacou que tenho “dois pés” fincados na África e dois braços abertos para o hip hop. Essa semana, Katia Abreu, a @katchu, que produz e edita o blog comigo, mandou essa: “você já ouviu o Baloji? Acho que você vai curtir”, disse como uma certeza indisfarçável.
Bingo! Não só gostei do Baloji como quis saber mais da história do cara. E tem mais: vai ter show do Baloji no Brasil. Minha forma favorita de ouvir música: ao vivo. Se for africana, então… e é pra gastar a sandália. Com hip hop no meio, é de endoidar.
Antes de mais nada, o que é Baloji? Parecia nome um fruto da floresta com propriedades cosméticas. Ou perfume de uma flor rara vinda de uma ilha inóspita. Nada disso. Mas existe sim, algo mágico no nome. Baloji significa feiticeiro em swahili. Nascido no Congo, foi viver na Bélgica levado pelo pai. Morou em Liége, uma região industrial em declínio, onde tomou gosto pela cultura hip hop e participou do coletivo Starflam, com quem ganhou um disco de platina por Survivant, em 2001.
Saiu do grupo, deu um tempo na música e em 2008 retornou à cena com Hotel Impala, um registro recheado de grooves sofisticados, inspirado pela cena de rap francesa. O que me faz lembrar outro som que eu curto bastante, Mc Solaar, rapper senegalês radicado em Paris.
Nessa época, Baloji retomou contato com a mãe. E o desejo de se reconectar com a cultura africana foi inevitável. Ele decide não só voltar à África mas regravar seu disco com músicos de lá. A ideia acaba saindo melhor que a encomenda.

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